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Mães de uti

Quando me tornei uma "mãe de uti" descobri que quando se faz parte deste grupo você descobre o quão incrível são alguns seres humanos. Nos 9 dias em que acompanhei a Lelê na uti fiz amizades deliciosas.
Geralmente temos a imagem de que as mães são fortes mas quando se conhece uma mãe de uti deve-se multiplicar esta imagem ao quadrado, ou melhor, ao cubo. Estão sempre otimistas, contam suas histórias e de seus filhos sempre com uma enorme esperança. São unidas.
Para se ter melhor uma idéia do que passamos aí vai uma parte do texto de Maria Julia Miele:
"UTI é o lugar mais horrível para se estar. É um lugar que testa violentamente os limites humanos daqueles que a habitam diariamente, minuto a minuto. Ali são testados mães, pais, médicos, mesmo os mais experientes."
" É muito difícil ter um filho na UTI. São momentos solitários, nos quais você tem de aprender a lidar com seus limites, sua impotência, seu egoísmo, além de tentar determinar sinceramente até onde você será capaz de ir."
"É conviver com o medo 24 horas por dia. É sentir o coração disparando cada vez que você chega e só senti-lo bater ritmado depois de pousar os olhos em seu bebê e ter certeza de que está tudo bem. Medo da perda, medo da piora, medo do futuro incerto, medo do presente. Medo da própria capacidade de suportar as notícias."


Então, nessa situação conheci duas mães na sala da Lelê que nasceram de 26 e 28 semanas a Sofia e a Gabi. Fiquei muito amiga das duas mães, foram muito companheiras. Dávamos muita força uma para a outra, as emoções ficam a flôr da pele e não há espaço para sentimentos além de amor e coragem.
No dia em que a Lelê faleceu foram as duas únicas que nã consegui despedir-me, e nos últimos suspiros dela pedi que cuidasse de suas amiguinhas. Pensava muito nelas e em suas filhas que estavam em uma situação bastante delicada também por serem tão pequeninas.

Desde então pensava em ir a maternidade visitá-las mas para isso deveria enfrenter meus fantasmas para retornar aquele local que me trazia tanta recordação. Hoje, separei as duas roupas da Lelê que eu mais gosto, fiz dois pacotes bem bonitos e fui para lá. Um misto de medo e ansiedade tomava conta de mim, mas como tenho muito carinho por elas queria notícias e sabia que ficaria muito feliz quando soubesse que elas estão bem.

Me surpreendi pois não fiquei triste quando estava lá, não deixei que a tristeza tomasse conta de mim, e fiquei muito feliz por saber que a Gabi foi para casa há duas semanas e a Sofia terá logo alta. Na dor, fiz duas amigas maravilhosas que terão sempre a minha pequena olhando pelas suas.
A vitória delas é a minha também.

2 comentários:

Linda atitude, a sua.
Estava sentindo falta de um novo post.

Beijos Elga.

17/07/2008, 12:03  

lindo, lindo, lindo!
parabéns por vencer-se a cada dia.
amor só pode trazer mais amor.
um beijo enorme querida...
:)

17/07/2008, 18:19  

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