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suas marcas


Sempre imaginei que conforme o tempo passasse, alguns sentimentos em relação a você seriam modificados. Imaginava que não me pegaria debulhando em lágrimas de saudades, pensava que essa saudade seria transformada em um tipo de saudade que não dói, como a que sinto do seu avô, da sua bisa...
Mas a característica que não me falta é teimosia, e quando tenho algum objetivo em mente, insisto até conseguir. Mesmo que o resultado não seja o esperado, que eu demore para realizar, não desisto. Me prometi que faria algo de útil com o conhecimento que adquiri por você, que não deixaria passar em vão a sua passagem por aqui. Além do que você deixou pra mim, quero que outras pessoas de certa maneira, sejam beneficiadas por você. Ainda são muitas as maneiras com que posso fazer isso, não sei ao certo que caminho seguir, mas de alguma forma tenho certeza que vou conseguir.
Ontem, dei o 1ø passo em direção a esse caminho ainda tão incerto. Peguei uma parte de suas coisas no arquivo médico. Doeu um pouco estar lá, me senti pequena ali dentro. Muito pequena. Não imaginava que doeria assim. Para minha sorte, tive depois um pouco de conforto quando encontrei aquele que esperou tanto você comigo. Me senti em casa. Não posso mais repartir os meus sentimentos com ele, mas, ele é parte da nossa história. No fundo, sabemos que ele foi a pessoa mais importante em nossa história, quando você estava aqui. Lembro como se fosse hoje, quando você chutou pela primeira vez fazendo graça pra ele. Você sabia que ele te amava como se fosse dele. E sei que você também o amava. Até hoje você manda recado através dele.
Sabe, foi remexer demais em meu coração, ter suas coisas em mãos e ele por perto, foi emoção demais que me deixou assim, com saudades demais de vocês dois.
Isso me faz lembrar minha melhor essência, e mesmo aqui, chorando, sei o quanto tenho sorte por ter lembranças, por amar e ter tido o amor de vocês. Por mais que o tempo passe, naquele mmento, éramos nós três. Isso, será para sempre.
Sei que você nunca lerá isso, assim como não pode ler o caderno que fiz pra você, mas acredito, de alguma forma, que você sabe o disso tudo.
E, assim continuarei, fazendo com que sua passagem não seja em vão, pois você trouxe muito o que compartilhar.
Te amo muito,
sua mãe

Te mandei um e-mail despretensiosamente. Exatamente como nos meses anteriores, não arriscava, além do "oi, tudo bem por aí?", você sabe bem o quanto detesto não ter reciprocidade. dessa vez, a resposta veio mais receptiva. As 2 linhas continuavam padrão, mas diferentes. Então, ousei te convidar para um café, e você topou. Claro, não arrisquei maracr o dia, deixamos marcado um café para "qualquer dia".
Por coincidiência, um amigo mandou para o grupo um link no qual havia uma ilustração que era inevitável não pensar em você.
Mais uma vez fui atrevida e arrisquei, afinal, nada daquilo fora planejado. E iniciamos uma daquelas conversas deliciosas que tínhamos sobre música, filmes. Fico pasma em ver o quanto você é diferente da maioria das pessoas. Incrível mesmo. Vou assistir o filme que me indicou, do jeito que temos sintonia até quando não queremos, sei que ele entrará para a lista dos meus favoritos, como a maioria que indicou.
Sinto falta de você.

Se tem algo que adoro é reparar nas semelhanças entre pais e filhos. Observo amigos, colegas, estranhos, conhecidos. Todos. Jeito do pai, cara da mãe. E vice versa. Mais gostoso ainda, é quando é com a gente. Nossos irmãos, avós, mãe e pai. Ou até aquele parente distante.
Mas isso não foi sempre, quando eu era mais nova, olhava para meus pais e queria ser diferente deles.
Mas conforme o tempo passou, vejo em mim muito deles. E me orgulho dessa semelhança. Na verdade, adoro ser parecida com eles. Percebi que isso é mágico. Não sei se é genético, convinvencia, ou seja lá o que for.
Essa herança não tem valor no mundo que pague. Não a minha.
Assim como eles, sou mais esperta do que imaginam. Mais forte do que pareço.
A minha boneca era a mais a cara do pai, mas tenho certeza que a força era minha.

E assim, caminha a humanidade!

um dia sobre os ultimos acontecimentos daquela época, escrevi: " Esclareceu que “aquilo tudo” não “estava acontecendo de novo, depois de tanto tempo”. O tempo novo é que fazia com que nada daquilo voltasse a ser “aquilo tudo”.

é...redundância.
será que um dia aquilo tudo, vai voltar a ser tudo aquilo?

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