Apesar de a Lele ter passado o dia bem, meu coração estava apertado. Todos os dias eu dormia com o telefone ao meu lado, mas nunca tive a preocupação que ele fosse tocar, mas naquela terça feira eu rezei muito para que ele não tocasse.
Então, um pouco mais de 01:00 da manhã ele tocou. Meu coração gelou e meu maior medo se tornou realidade "Karen, a Dr. pediu que você viesse agora para o hospital pois a Valentina piorou".
Desliguei o telefone e tive meu momento de descontrol total. Liguei para o pai dela e para os avós mas eu não conseguia falar.
Corri para lá, e a médica esperou que nós dois estivéssemos juntos para conversar. Aquela espera de minutos parecia uma vida inteira...
Então ela nos avisou que a pequena teve duas paradas respiratórias e já não aguentava mais, teria não mais que 1 ou 2 horas de vida, estava muito fraquinha. Ela nos alertou mas foi muito difícil não me impressionar com a sua cor.
Quando a vi, a única coisa que me ocorria era pegá-la em meus braços, coisa que não me haviam permitido até o momento.
Sentei-me e a segurei, tentei demonstrar meu amor a ela com um longo abraço....depois de alguns minutos o pai a segurou, depois me devolveu.
Ninguém dizia nada. Não havia o que ser dito.
Eu a segurei novamente e a médica a batizou, depois disso, a ouvi dizer "Não existe nada melhor do que morrer nos braços da mãe" e ordenou que as enfermeiras retirassem o respirador.
Ficamos nós duas ali, ela ainda teve alguma forca para respirar e ouvir o que eu lhe dizia "Vá com Deus, filha, não tenha medo. A mamãe nunca te esquecerá. Muito obrigada por ter vindo e me escolhido, obrigada por me permitir ser sua mãe. Você é muito forte e tenho muito orgulho. Te amo, minha boneca". E ela se foi.
Não sei como consegui ter clareza naquele momento, a dor era imensa. Dor na alma.
Mas, no fundo eu sabia que era o melhor para ela, apesar do amor incondicional, conseguir ter o desapego.
Ela se foi em paz. Eu, mesmo com meu coração aos pedaços também fiquei em paz.
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...
Mas COMO você sobreviveu? De onde você tirou forças? Onde você se apoiou?
Fique à vontade para não me responder, mas eu por apenas ter tido um bebê prematuro, que saiu da sala de parto direto pro quarto, não tive estrutura e caí em depressão...
E você a pegou no colo apenas essa vez?
Dri_ disse...
24/06/2008, 14:44
Olha Dri, na verdade nem eu sei. Acho que a força aparece, não sei. Até hoje não entendo como pude ter aquela reação quando ela estava indo...
Não me apoiei em nada, eu me entreguei com tudo aquele momento e o vivi com todo o meu amor...Quando é um filho nosso em uma situação extrema as forcas simplesmente aparecem.
E foi a única vez que a segurei. Pode parecer meio mórbido mas no fundo não é, foi um momento de entrega minha e dela. Estávamos juntas no momento mais delicado da vida de ambas. Acho que me apoiei nela. Ela era minha força. Continua sendo, penso que por ela não posso me entregar totalmente e me deprimir, tenho meus momentos, mas por respeito a ela, tenho obrigação de ser feliz. Ela gostaria disso.
bj
Karen disse...
24/06/2008, 15:15
Tenho certeza que ela te prefere feliz.
Admiro o modo como você está encarando a passagem da doce Valentina por aqui (ela tinha carinha doce? Eu tenho essa nítida impressão rs.
Um beijo,
e volto amanhã rs
Dri_ disse...
24/06/2008, 17:05
Não sei nem o que te falar.
Só mesmo quem é mãe para saber o amor, a dor, o êxtase e saber que em certos momentos, só mesmo o silêncio respeitoso. Entendo agora seu comentário libertador.
Obrigada por me visitar. Mais agradecida ainda sinto por me mostrar sua história de luta e acima de tudo amor incondicional. Sua filha É linda!!!
Parabéns por ter sido mãe de alguém tão nobre que tenha feito você perceber valores tão lindamente livres de convenções banais e genuinamente sinceros e humanos.
Um carinho sincero para você.
Elga Arantes
Elga Arantes disse...
12/07/2008, 10:33
Karen,
estou aqui paralisada, lendo este post! As lágrimas brotam sem parar...
Parabéns pela guerreira que você é, em continuar a escrever, em ter forças para continuar a viver.
Valentina, a bonequinha, com certeza sabe que tem uma mãe com um valor incrível!
Abraços, amiga!
Giovana disse...
16/07/2008, 00:14
Oi Karen, por jornadas de amigos da Elga, encontrei vc... Ando lendo muito blog ultimamente... Mas o seu Karen, me comoveu... Não só pela Valentina, mas pelo amor... Amor recíproco, fraternidade absoluta... Que dor no peito...Não te conheço, mas sinta se abraçada por mim...
Doce beijo!
... disse...
23/12/2008, 03:51
Oi Karen, por jornadas de amigos da Elga, encontrei vc... Ando lendo muito blog ultimamente... Mas o seu Karen, me comoveu... Não só pela Valentina, mas pelo amor... Amor recíproco, fraternidade absoluta... Que dor no peito...Não te conheço, mas sinta se abraçada por mim...
Doce beijo!
... disse...
23/12/2008, 03:52