Se alguns meses atrás me dissessem que eu me sentiria como me sinto hoje eu pensaria ela estar blefando. Nnao que eu não tenha escutado palavras de esperança e conforto, mas não houve uma só pessoa que acreditasse em minha total recuperação mental. Não as culpo jea que nem eu mesma acreditei.
Existe uma fase no luto de um filho que desejo do fundo do coração que vocês jamais tenham sequer uma vaga idéia, em que acabam todas as forças. Se algum dia alguém já sentiu uma dor insuportável, seja ela física ou emocional, ao ponto de não sobrarem forças para respirar, multiplique a tal dor por mil. É uma fase curta, e intercalada. Varia de pessoa para pessoa a época. Porém, ela existe. Ninguém ao seu redor percebe que ela está pois não sobram forças para pedir ajuda. A reação geralmente é se encolher. Eu, durante um ataque da dor, criei este blog. Dei ele como remédio, misturada a água e desejos doces (de vocês). Quando a danada vinha, eu escrevia. Conheci pessoas diferentes. Pessoas importantes para mim. Pessoas que não sabiam da minha história, mas se importavam de verdade. Muitas vezes mais dos outros que me rodeavam. Não precisavam fazer social. Estavam aqui por lerem uma mulher dedicada a sí mesma e sem o maior amor da sua vida. Porque acreditaram em mim. Com o tempo, a dor adormeceu (não posso garantir que ela nunca volte) e o amor por si e sua filha a incentivava a acordar bem todos os dias, a pensar muito em sua vida, a reconhecer seus erros, a perdoar, a duvidar, a questionar, a aceitar, a enfrentar, a assumir, a sobreviver, a existir, a crer e....agora a viver. O instante. O hoje. O futuro.
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles, in "Viagem", Antologia Poética, 3ª ed., Editora Nova Fronteira, 2006
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Ei, Flor!
Existe uma flor no jardim de minha casa em Minas que se abre apenas uma vez por ano e apenas por uns instantes. Depois ela se murcha e fica assim até o outro ano. Mas no momento em que ela abre, é capaz de perfumar o jardim inteiro.
Não sei o nome dela... É rosa e parece o logo da Sputinik.
Mesmo os instantes mais doloridos acabam, e a beleza deles (incompreensível para o dono da dor)é conquistar um futuro mais ameno, onde estamos mais fortes.
Acho que é muito difícil mensurar a dor. Eu nunca tive um filho e o perdi, não posso saber o tamanho da sua. O que sei, é que você amadureceu ao longo do blog, me fez virar sua fã, tem o dom da superação e das palavras e é uma mulher que deixa o tempo vir e soprar e soprar, trazendo alívio.
Cicatrizes também nos mostram como fomos fortes.
Beijos, moça!
sblogonoff café disse...
07/11/2008, 12:06
querida,
esse mergulho na dor, vivê-la sem reservas, é o único caminho para seguir em frente. mas tão poucos têm essa coragem...
que teus dias sejam sempre intensos de aprendizado, e que essa disposição pra vida, para melhorar a cada dia, se mantenha sempre, não importa quanto tempo passe.
bjo
renata penna disse...
07/11/2008, 17:13
Karen-Flor,
Admiro-te!
Quero que saibas que sempre agradeço a Deus por ter guiado-me até aqui.
Não sei comentar e cada vez mais sei dessa minha limitação desde os tempos da meninice, rs...
Ainda bem que existe Coração e Estrela, né?
Bjs sinceros da sua fã.
Sheyla disse...
07/11/2008, 17:40
Karen... Motivos... Eu nem sei porque vim parar aqui pela primeira vez, mas gostei de ficar, nem sei quem é vc, ou o q te fez até esse momento, mas a cada dia, a cada post vou juntando as peças, como se num quebra-cabeças, e vou te montando, e gosto do que vejo! Tem dor, eu sei, mta, mas tem sangue nas véias! E tem uma vontade enorme de transpor barreiras! A sua dor, eu sei, é a maior do mundo, nunca senti, nem gostaria... Já tive a dor da expectativa quebrada, nada maior que isso, e eu aprendi com minhas outras dores que dor não se compara, cada um sofre a sua! E é belo quando a dor nos fortalece! E vc, a meu ver, se tornou uma fortaleza!
Cada um está aqui por um motivo não é!
Sucesso! Feliz em ter passado por aqui!
DJ disse...
08/11/2008, 10:22
Vocês não fazem idéia do quanto me emocionei ao ler os comentários que deixaram neste post. da mesma maneira que ganhei admiradoras, amigas, me tornei fão de cada uma de suas histórias. A minha e as suas casas, são lugares valiosos para mim.
bjs
Karen disse...
08/11/2008, 14:21
não consigo ler e não chorar,ainda me impressiono como vc escreve sobre minha dor,só que a minha ainda não adormeceu como a sua,talvez por ser mais recente ou por eu ter q sufoca-la mais.Mas sei q vai melhorando...
Beijos,muitos
taderbal disse...
08/11/2008, 15:28