Sarah era uma mulher feliz. Tinha uma vida sem muitas surpresas, mas uma vida satisfatória, o tipo de vida que não se reclama. Uma casa legal, um marido que a amava, um bom trabalho e um gato que ela adorava. Viajava, fazia compras, assistia bons filmes, tinha bons amigos. Mas Sarah não sentia-se completa. Queria novamente a sensação de frio na barriga, o inesperado, o descontrole. Pois ela era assim. Não entendia como caiu naquela rotina, queria mais mesmo sem saber o quê faltava. Foi então, em uma tarde cinza em um congresso que conheceu RGordon. Borboletas debatiam-se em seu estômago, o coração acelerou-se, suas mãos suavam, o rosto ruborizou-se frente aquele homem de trinta e poucos anos, despojado, com um ar de moderninho. Passaram-se dias, meses e ela não conseguia esquecê-lo, o homem que ela sempre imaginou estava bem ali. Inteligente, bom de papo, bonito, simpático, culto...foi então que iniciaram uma amizade onde descobriram afinidades. Aquilo estava indo longe demais. Ela ouvia as músicas que ele lhe indicava prestando atenção nas letras e melodias com a intenção de decodificá-las e achar algum recado, como se fossem indiretas. Pensava nele dia e noite tendo vergonha de si mesma por seus pensamentos. Mas ela pensava "ah, que tolice". Porém aquele homem parecia corresponder escrevendo-lhe textos incríveis onde dizia que ela era tudo o que sempre sonhou. Eis um trecho de um dos textos de RGordon sobre ela em sua coluna no jornal local: "De alguma forma ela conhecia todos os meus desejos e aspirações pois se apresentava a mim com todos os adjetivos que minha mente nada inocente conhecia. E tudo nela era fascinante: sua história, suas experiências, seus gestos, seu cheiro... Quem a fez não teve o mínimo trabalho criativo pois tudo nela era exatamente o meu conceito de ideal. Ipsis literis. Parecia ter sido moldada por mim mesmo. Quer me conhecer? Conheça-a primeiro, então. Ela era tudo o que eu pensava, gostava, admirava e desejava. Não fosse isso o bastante, ela ainda possuía a arma mais letal de todas: jurava ver-me com os mesmos olhos. Garantia-me passe livre para tudo, inclusive para tomar-lhe a alma. Marcamos nosso casamento no post-morten, uma vez que o universo não conspirava tão a favor assim, de forma que nossas vidas no momento não eram 100% compatíveis. Óbvio. Deus não dá asas às cobras". Sarah estava apaixonada. Ele a fazia sentir completa, devolvera-lhe o sorriso bobo ao rosto, a vontade de fazer amor na chuva...Quem não se apaixonaria por aqueles cabelos encaracolados, com palavras perfeitas, num momento imperfeito? Entretanto, como RGordon dizia, suas vidas eram incompatíveis já que ele morava em outro Estado e ela era casada. Decidiram-se não mais se falar, a paixão estava se tornando amor e não poderiam naquele momento desfrutarem de seus sentimentos. Por ironia do destino, o marido de Sarah pediu o divórcio. Ela chorou por isso e por alguns dias esqueceu-se da existência de RGordon. Quando as coisas se acalmaram ela o procurou e disse que estava desempedida para viver aquele amor. E entregaram-se de corpo e alma apesar da distância. Mas Sarah sentiu-se incompleta novamente, não admitia o fato de ter sido deixada. O sentimento de descontrole tomava conta de sua rotina, ela desejava o que fora. Por simples capricho. Era perfeita aos olhos de RGordon, mas era um ser humano como outro qualquer com sentimentos feios e ações piores. Em um passo tinha os dois, o homem de sua vida, RGordon, e o ex-marido. Sarah não era mal-intencionada mas sem fundamento justificado não admitia ser deixada. Queria o ex de volta, mesmo que fosse para deixá-lo depois. E por meses assim ficou. Tinha os melhores e mais nobres sentimentos por RGordon e os desejos de seu ego satisfazidos pelo ex. Mas este, sem muito destaque nesta novela, volta e meia conseguia colocá-la em suas mãos e aos poucos passou de coadjuvante a protagonista. Sarah tampouco entendia como deixou que a situação se invertesse de tal modo mas não sabia como modificá-la, pouco entendia de seus sentimentos, havia uma confusão metal enorme mesmo desejando-o mais que qualquer coisa não podeia pedir que RGordon abandonasse seu trabalho que ele tanto amava para viverem juntos. Foi então que ela escorregou na casca de banana e em um golpe mais que traiçoeiro feriu RGordon. Uma quarta pessoa passou a fazer parte da estória. Sarah em um ato de coragem enfrentou o amor de sua vida, enfrentou também o ex e optou por aquela quarta pessoa. Esta sim, era a mais importante e precisaria das forças de Sarah para fazer parte do mundo. Logo, viu-se sozinha, sem RGordon, sem ex. Certamente em uma atitude sublime o primeiro pôs-se a seu lado. Seu amor era tão veraddeiro que ele foi capaz de superar sua própria dor para estar a seu lado. Esteve com ela em todos os momentos mais importantes, mesmo á distância. Sarah, contudo, sentiu-se mesquinha, tirara os sonhos do homem de sua vida e em troca ele lhe estendeu a mão. Mesmo com toda gratidão do mundo ela sabia que jamais seria capaz de recompensá-lo e prometeu a si mesma que o faria o homem mais feliz do mundo. Mas RGordon não esperava mais essa recompensa, ele dava sem, em troca, esperar algo. Simplesmente por amá-la, assim mesmo, com todos os defeitos e estabaleceu para si um prazo de validade. Mesmo sem concordar Sarah aceitou já que seu coraçnao agora estava totalmente ocupado pela quarta pessoa. Ele a achava linda de qualquer maneira, principalmente naquelas ocasiões. Sentiu aquela quarta pessoa, participou de suas vidas em todos os momentso possíveis. Foi então, que a quarta pessoa chegou e RGordon decidiu não fazer mais parte daquele círculo já que eram pessoas demais envolvidas. O ex? Ah, este, já não importava, mesmo que continuasse como um dos protagonistas. O pior da estória estava por vir e mais uma vez, quando Sarah pediu RGordon deu-lhe o colo, o carinho, o amor, a mão, o braço, as palavras de conforto. A novela estava praticamente no final, e Sarah sabia que arriscou seu amor em troca de ter em sua vida a quarta pessoa mesmo que esta não ficasse tanto tempo assim. Quando esta se foi, lá estava seu amor, consolando-a mais uma vez. Todavia, Sarah não mais amava RGordon como antes, este amor triplicou-se apesar de se dividir com a quarta pessoa sendo esta a mais importante de que qualquer personagem. Sarah viu-se mais uma vez sem saber o que esperar e agora deveria catar todos os cacos que sobrara da última experiência. RGordon ajudou-a mais uma vez. Foi então que Sarah decidiu-se que somente doaria-se a RGordom quando estivesse totalmente completa e sua decisão foi no pior momento da vida dele já que precisava agora mudar de Estado (o mesmo que ela vivia) para um novo trabalho. Ele solicitara sua atenção, mas ela não teve a capacidade de manter a reciprocidade, tirou dos olhos o brilho que ele a deu e o devolveu. Pediu que o guardasse para o momento certo se assim o quisesse e o abandonou. Não tinha forças para um quanto mais para dois. Foi injusta. Sarah partiu com seu coração aos pedaços visando se recompor para dar ao amor de sua vida tudo o um dia que lhe tirara. Ainda o ama, pensa nele todos os dias. Nunca mais quis outro homem. Vezes ou outra se falam mas ele não tem mais a mesma doçura nas palavras. Ela entende. Sendo assim tira os antigos recortes de jornal de sua gaveta e lê falando para si mesma que ainda o fará o homem mais feliz do mundo. RGodrdon seguiu sua vida não contando mais com a presença de Sarah em seus futuros planos. Mesmo assim, ela nega a esquecê-lo. Dia desses a encontrei e ela me disse que quando tiver certeza que pode caminhar a seu lado e não pendurada irá procurá-lo. O ex? Ah, este suicidou-se no caminho.
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sblogonoff café disse...
31/07/2008, 09:36
9:21 da manhã!
Estou aqui com um processo de loteamento para analisar e um livro frio de direito internacional.
Não consigo fazer nada disso, porque me envolvi com essa história, que parece uma bricolagem de fatos que vivi e que minha amiga vive, e que já ouvi por aí!
Meu Deus, amores imperfeitos são as flores da estação.
Eu disse no post abaixo que as coisas seriam mais simples não fossem os desejos.
Sarah deixou que a quarta pessoa entrasse quando sua casa ainda estava desarrumada. Abriu a porta para o caos. Não falo como um juiz, mas como alguém que observa e conhece certos efeitos!
Eu, no lugar dela, sentava e chorava até que tudo se resolvesse como mágica na vida real!(risos) Mas isso não vai acontecer nunca. Um coração não volta ao estado original depois de uma história de amor. É como o velho clichê do vaso quebrado e colado.
A história virou uma trama, e o que brilhava antes, agora apresenta um fosco reflexo do passado e dos desejos que não foram renunciados no momento certo.
É cômico o modo como ela reage quando o marido pede o divórcio. E nem sei mais se foi por amor que ela o quis de volta. Acho que era por algo menor. Dificuldade de não ser a última palavra, ego ferido, desejos...
Nâo sei se Sarah representa você, mas se for, não liga não. Tem muito de mim aí, tem muito de nós, tem muito do que não assumimos em plena luz do dia!
Eu queria muito mesmo aquela mágica que colocasse em nossas cabeças e corações que amar é simples. Que o Amor impera sobre o caos de sentimentos que permitimos nascer para alterar nossos destinos.
Ai, menina,
que venha novamente o pôr-do-sol e uma comédia romântica!
sblogonoff café disse...
31/07/2008, 09:39
Que historia forte! Mas também, doce, corajosa, humana...
Sarah foi é uma mulher de muita sorte, não é? Que vida intensa e cheia de cores. É certo que em alguns momentos com tantas cores, com todas as cores. E a fusão de todas as cores é o branco.
Diga a ela, Karen... diga a Sarah que a página está novamente em branco para que ela possa reescrevê-la. Ou escrever outra história. A página está em banco, diga a ela, Karen...
Mudando de assunto, espero vc e Sarah aqui em agosto. Vindo de carro, vcs revesam no volante, rs.
Um beijo carinhoso e minhas lembranças a essa mulher generosa que tanto se doou, que acabei de conhecer. Sarah é realmente muito especial.
Elga Arantes disse...
31/07/2008, 09:50
Quero deixar um beijão pra vc, e dizer que sua filha é muito linda! E vc muito forte. beijos! Sandra.
Anônimo disse...
31/07/2008, 10:05
Sblognoff (é da Michele??),
A Sarah adora um caos, deu para perceber né? Também é bastante impulsiva, não pensa antes de fazer, aí deu no que deu! Sempre que as coisas começam a se acertar ela toma atitudes controvérsias e o caos volta a reinar. Tenho conversado muito com ela sobre isso, para ser mais cautelosa. Vamos ver se ela me escuta. O Ex?? Ah, era capricho imagino.
Elga, minha flôr (rsss, gostei disso),
Vou falar para ela ode deixar! Então iremos eu e Sarah visitar vc e a Mel em BH.
Sandra,
Obrigada, ela é linda mesmo. Tento não pensar muito como ela seria maior, provavelmente daria muito trabalho! rsss
bjs
Karen disse...
31/07/2008, 11:02
Amei, Ká!!! beijos Bibi
Anônimo disse...
31/07/2008, 14:20
Incrível como todos nós temos um pouco (ou um muito) de Sarah... infelizmente.
Maria Carla disse...
31/07/2008, 16:59
Esqueci de dizer que o novo layout é lindo...
Elga Arantes disse...
31/07/2008, 18:08
Oi Maria Carla,
Já estava sentindo sua falta!
Temos mesmo não há como negar.
Elga,
Olha, demorei muito pra achar um layout legal :)
Tb gostei, sentia falta da página em branco!
bjs
Karen disse...
31/07/2008, 18:40
Adorei a sua história contada como uma novela. Essa quarta pessoa foi mesmo especial, né, querida? Seja feliz! Beijos, Fê.
Fernanda França disse...
01/08/2008, 16:57